Suplente do ministro Hélio Costa defende José Sarney no plenário
Ao fazer ontem discurso no plenário em defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) recorreu à teledramaturgia para explicar a crise política que atinge a instituição.
Irritado com as frequentes críticas por ser suplente e aliado de Sarney, Salgado disse que não quer ser um dalit do Senado – em referência aos integrantes da casta indiana inferior representada na novela Caminho das Índias, da TV Globo.
– Penso que, aqui, criaram aquelas castas, segundo a novela. O suplente é um dalit, não é? Sou um dalit, um intocável, suplente é um dalit. É o pior na escala. Só que meu voto é igual ao outro. Há aquele que se acha da casta mais alta. Como é o nome da casta mais alta na Índia? É o brâmane. Mas meu votinho de dalit é igual ao do brâmane na hora de apertar o botãozinho (do painel do Senado).
Na semana passada, Salgado bateu boca com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) depois que o tucano disse que, como suplente, o peemedebista não tinha autoridade para criticar os colegas que defendem a moralização do Senado.
Salgado é suplente do ministro Hélio Costa (Comunicações), que deixou o Senado para assumir o cargo no primeiro escalão do governo – o que permitiu que chegasse ao Senado indiretamente, sem votação popular.
Integrante da tropa de choque
Salgado é conhecido no Senado por integrar a chamada “tropa de choque” do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no período em que o parlamentar respondeu a uma série de processos no Conselho de Ética – o que resultou na sua renúncia à presidência da Casa. Agora, Salgado também se tornou um dos mais ardorosos defensores de Sarney, com discursos que condenam as críticas ao presidente do Senado.
O jornal Estado de S. Paulo afirma que a empresa do neto de Sarney, José Adriano Cordeiro Sarney, teve autorização de seis bancos para intermediar a concessão de empréstimos com desconto na folha de pagamento do Senado. José Adriano disse, na reportagem, que sua empresa fatura por ano menos de R$ 5 milhões.