quarta-feira, 17 de julho de 2013

E daí?



Luciano Beregeno



#AcordaBrasil

Gritaram as ruas, indignadas com R$ 0,20 de aumento nas passagens lá pelos lados do Ipiranga. Rufos de tambores.

#AcordaBrasil!

E as ruas formigaram, pipocaram, se iluminaram pelas chamas – sim, teve chamas, de paixão, volúpia e pra assar batatas. E os tambores rufando.

#AcordaBrasil!!

O grito foi só crescendo, se avolumando e num instante, a rua era o novo Congresso, a nova Presidência, a nova instância do poder que agora sim, estava emanando do povo e por ele sendo exercido! Soem as trombetas!

O Gigante Acordou!!

E as ruas deliraram e tudo foi colocado em ordem. Finalmente a vontade popular, escrita nas ruas, assumia as páginas da história. Finalmente o Gigante havia acordado. Querubins em coro.

Tá, tá, tá bom! Não foi bem assim que a coisa rolou, mas era uma imagem até legal que eu tava pintando. N’era não?

Concordo com você que acha que o único que riu e tinha razão era o Gigante da Johnny Walker Co. Esse sim, riu à beça. No target!

O que aconteceu foi que à medida que as ruas se inflamavam e os gritos de bandeiras ecoavam, a multiplicidade de objetivos foi minando o alvoroço. Tirem a Dilma! Matem o Lua! Esquartejem o Renan! Tragam os Milicos! Abaixo a Ditadura e viva o Governo Militar Democrático! Me dá o Bolsa Balada! Todos esses gritos acabaram se tornando várias pautas do mesmo movimento que, ingenuamente, acreditou poder prescindir das instituições pra organizar suas vontades.

Assustados num primeiro momento, governo e deputados se apressaram, com atraso, a reconhecer o risco, o perigo institucional que havia dimanado das ruas. E tentaram responder. Sessões intermináveis rejeitando PECs, aprovando projetos de lei às escuras e em caixotes e, por uma semana, o Congresso mostrou que estava trabalhando, fazendo em sete dias o que estava pra ser feito há 15 anos. Mero jogo de cena.

Aos poucos o gigante foi adormecendo outra vez e apenas um ou outro espasmo ainda teima em pulular. Os avanços daquela semana de votações madrugadas adentro aos poucos foram “corrigidos” e devidamente adequados aos interesses... do Congresso.

E agora?

Agora temos uma pauta já sendo comandada pelo Congresso enquanto queremos fritar a presidente, pra deleite dos parlamentares. É o que nos restou e é o que temos.

Eu, de minha parte, tentei muito!

Militei on line com intermináveis debates. Fui pra rua. Participei de plenárias no Museu da República e na Rodoviária. O fiz sempre alertando pro que realmente acontecia. Fui taxado de petista (?) e de yankee (este se superou) e de reacionário (doeu no ouvido vindo de quem vinha). Insisti. 

Mas de tudo, dessa langanha toda, a imagem que melhor explica o lance de tudo foi a do Rafa, um amigo meu lá de Salvador. No Skype a gente conversava e programava uma viagem “a qualquer hora pra algum lugar” – fazemos isso há dez anos e nunca nos conhecemos pessoalmente – quando perguntei pra ele se ele acreditava que as coisas iam mudar (não dá pra falar "iriam" mudar, senão ele me casca). Ele olhou pra mim, pela webcam, fez uma cara de cú (termo recorrente que a gente usa lá nas Geraes, né?) e tascou: - Mudar, vai sim. Mas e daí?

Naquela noite fiquei mó tempão pensando no fdp do Rafa. Ele sempre faz isso. Destrói minha pose de analista social e político. Por um instante passou pela minha cabeça tudo o que eu tinha visto desde o início das manifestações e no fim, a cara gorda do Renan, todo raposão, felpudo, em slow motion e a voz do Rafa zunindo no meu escutador de novela: - E daí? Virei pro lado e adormeci.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Esse eu trouxe lá do "outro" meu, o Raiz Forte (www.raizforte.blogspot.com)


Comportamento: "Reza a Lenda" bomba no Facebook e resgata memória de município do Triângulo Mineiro


Em alguns posts, como o de Jonas Alves, as imagens
são verdadeiros Túneis do Tempo.

Luciano Beregeno
da Redação


A frase é conhecida quando se quer indicar o fato sem mostrar a autoria. Mas, no caso de Araguari, município do Triângulo Mineiro a 570 da capital Belo Horizonte, o famoso "Reza a Lenda" se transformou em nome de um grupo no Facebook. Nele estão reunidos araguarinos nativos e outros por adoção, no resgate de memórias do cotidiano da cidade nos últimos 50 anos. É uma viagem ao passado mais e menos distante, que aos poucos, revela aspectos divertidos e únicos da comunidade e que se se tornam conhecidos pelas gerações mais novas. O grupo pode ser acessadoaqui, para quem tem uma conta na rede social.

Sem qualquer pretensão além do divertimento, o grupo foi criado pelo historiador Zenir Filho, como opção de "relax" entre os amigos mais próximos. O próprio fundador não esperava o sucesso da empreitada. "Na verdade eu imaginava que ficaria entre o Léo Vieira, eu, o Calvino, o Dione, a Beatriz dos Anjos e Raquel dos Anjos (minhas irmãs) e os amigos da época do Relicário. Não imaginava que tomaria esse vulto", conta Zenir. E realmente o grupo cresceu. Até o fechamento da matéria o grupo já possuía 1057 membros, em seus pouco mais de três dias de fundação.

Aos poucos os relatos vão trazendo a público preciosidades do dia a dia de uma Araguari que muitos apenas ouviram falar. Numa das postagens, o economista Leonardo Vieira lembrou da movimentação dos frequentadores do Pica Pau Country Club, um dos maiores em sua categoria na região. Foi o suficiente para que os comentários revivessem situações e experiências pessoais, relatadas abertamente e que passam a compor a memória da cidade, publicamente acessível. Nos comentários sobre o clube Pica Pau, o professor Christiano Póvoa, araguarino residente em Goiânia, lembrou: "Lembro de andar pelo Pica-Pau aos sábados, escutando A-Ha, Modern Talking, Barão Vermelho e outras boas músicas pelos auto-falantes e de pegar carona tanto na ida quanto na volta. Lembro de combinar com minha mãe que, se eu lavasse o carro no sábado pela manhã, ela me levaria e me buscaria no Pica-Pau. Imagina, eu com 13, 14 anos, lavando e encerando um Opala...e a hora que eu acabava, armava a maior chuva...".

Em outra postagem - mais da história da cidade, sempre introduzida pela chave "Reza a Lenda"- a ortodontista Fernanda Debs Diniz conta um pouco dos hábitos de uma juventude que viveu seu auge no fim dos anos 1970 até o início de 1990. "Reza a lenda que a moçada ia toda para a missa da Matriz (Senhor Bom Jesus da Cana Verde) aos domingos à noite,mas dizem que na hora do sermão a molecada ficava toda do lado de fora paquerando...reza a lenda...", enfatiza Fernanda.



Já Adriana Martins Campos, também ativa militante do Reza a Lenda, o grupo também tem função terapêutica. Em postagem recente ela vaticinou: Reza a lenda que este grupo está ativando a memória afetiva de alguns e com isso contribuindo para que um tal alemão Alzheimer, não te visite!!!rsrs". E se depender dos demais membros, além de afastar o 
Alzheimer, muita alegria ainda está por vir.

E a importância do grupo não se restringe a apenas aos comentários. Por se tratarem de relatos testemunhais em sua maioria e alguns ainda acompanhados de fotografias, hoje guardadas em acervos particulares, o Reza a Lenda passa a compor os mecanismos de perpetuação e transmissão da história. Pelo menos é no que pensa o fundador do grupo. "Acho que sim, torço para que sim. Sou historiador, professor de história, então seria maravilhoso isso", avalia Zuenir Filho.Zenir não descarta a possibilidade de usar os relatos no grupo como material em sala de aula, uma vez considerar que os relatos são "muito vivos e emocionantes".

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Uma ode à EPTG...





                                                            ...luzes de um tempo
Amanhecer na EPTG. Foto: Ed Alves/CB
Luciano Beregeno

Se João do Santo Cristo tivesse chegado a Taguatinga e ido ao Plano Piloto pela EPTG, à noite, ele teria ficado bestificado não com as luzes de Natal, mas com a imponência fascinante dos faróis sob a guarda das lâmpadas que margeiam a bela menina a qualquer época do ano. É um fascínio único. E tenso. Monumental, como quase tudo em Brasília! 

A EPTG é assim. Imponente, convidativa, desafiadora. Uma menina construída estrada que tem alma de hight way. Ela brinca com você de dia e tenta seduzir à noite. Ela sabe que é veia e artéria para seus milhares de pneus.

Ela sabe que além da borracha é o sangue que circula por ela, levando o movimento a gigantes como Taguá, o Plano, Águas Claras, o SIA e o Guará. Por isso é vaidosa. Quer ser fotografada, espiada a cada tanto pra que ninguém passe desabalado e não repare sua presença.

Manhosa, faz questão de ostentar fachadas iluminadas, janelas opacas – mas iluminadas – mato verde cheio de pontinhos brilhantes e sua gente. Gente que mora bem ali do lado, tão pertinho que dá pra sentir a chão tremendo quando passam os carros. Gente que caminha nela e sobre ela. Gente que atravessa por cima e nem sempre tem tempo pra observar, dar aquela admiradinha e se deslumbrar com uma EPTG que pulsa, vibra. Revela-se movimento que traduz vida.

Pela manhã, a imensa serpente de concreto e asfalto entrega a Brasília seus trabalhadores e seus possantes – carros ou sapatos são todos construtores do que foi sonho e hoje é realidade. A noite avança e o psicodélico frenesi dos faróis grita alto que é hora. Hora de chegar em casa e organizar a rotina. Hora de parar, desacelerar com a certeza de ter feito mais que ontem. Ou nem tanto.

Mas ela continua lá, acesa, pulsante, mostrando pra nossa estória candanga que ainda é cedo ou tarde demais pra parar. É a EPTG quem nos diz: Brasília, suas luzes, suas vias e sua História, têm que continuar.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Página de licitações do GDF está fora do ar

A página de consulta do GDF está indisponível
Luciano Beregeno
Ricardo Vaz
Hanna Bárbara
Ícaro Henrique



A página de licitações do GDF está fora do ar para consultas. A constatação é de um grupo de alunos do primeiro semestre do curso de Jornalismo da Faculdade Anhanguera de Brasília, que tentavam cruzar dados entres os contratos do GDF e o maior doador da campanha a governador do então candidato Agnelo Queiróz (PT)  - a Galvão Engenharia Ltda.

Pelo site do TSE, a construtora doou R$ 500 mil à campanha de Agnelo ao governo do Distrito Federal em 2010. Por estar fora do ar, saber se a empresa detém contratos com  GDF torna-se tarefa complicada.

Fonte: TSE

Em 2009, o Tribunal de Contas do Distrito Federal determinou à Novacap a suspensão da pré-qualificação das empresas que concorreriam na licitação para a reforma do estádio nacional Mané Garrincha. Dentre as empresas que concorriam, figurava o nome da doadora de campanha de Agnelo, Galvão Engenharia Ltda.

terça-feira, 5 de março de 2013

Caldas Novas - Falta inteligência ao Executivo em suas atuações



Luciano Beregeno


O projeto de lei que prevê a concessão, por contrato, da área onde antes funcionava o parquinho da cidade, em Caldas Novas, é uma obra prima da falta de inteligência de uma administração refém dos debates sociais que ela, por incapacidade, não consegue liderar e nem estabelecer uma agenda positiva.

Reza o projeto que deve ir à primeira votação hoje, que depois que a Justiça determinou a retirada do parque, a criminalidade na área cresceu. Cresceu como Senhor Prefeito? Que raios de atuação da Polícia Militar é essa que só surte efeito em mega festas? Que triste realidade é esta que se esconde atrás dos alardeados feitos de segurança patrocinados pela expertise do prefeito, retumbantemente estampadas em perfis nas redes sociais, manipulados por assessores como se o prefeito fosse, em atitude clara e límpida de indução a erro o cidadão menos afeito às lides da Internet?

É um questionamento que deve ser feito, repensado e exaustivamente debatido. O uso de uma área como aquela não permite que uma administração tacanha e amedrontada se valha de um recurso obscuro como a “concessão”, para dar resposta a um percentual cuja expressão desconhecemos todos, de insatisfeitos, em detrimento de uma totalidade que se resulta acima dos 70 mil habitantes.

Não senhor prefeito. Não é essa atitude despida de inteligência de gestão que deve ser adotada. O senhor e sua equipe muito criticaram seu antecessor – Ney Viturino – pelas atitudes que o senhor e seus companheiros consideraram inúmeras vezes imaturas, irracionais e burras. Então, não é hora de fazer o mesmo. Maior descrédito o senhor terá, senhor prefeito, se permitir que suas ações, por mais rotineiras que sejam, possam vir sobrecarregadas de dúvidas quanto ao objetivo de sua adoção.

Se existe problema de criminalidade crescente no local – como explicitado em sua justificativa do projeto - que a inteligência de Segurança Pública e a inteligência de Gestão tomem providências. Meios a prefeitura tem, de sobra, para fazê-lo, ainda que o façam quando seus interesses assim o determinam. Lembremos do fiasco do Caldas Contry Fest 2012, explorado por seus companheiros como desastres cuja responsabilidade era apenas do prefeito anterior. Apenas se esqueceram de mencionar que o fiasco era, de fato, do governador do Estado, verdadeiro e único Comandante em Chefe da Força policial de Goiás. Uma mentira leve com fundo eleitoral que a cidade aceitou.

Quanto à carência de atrações existente em Caldas Novas por falta de investimentos da administração anterior, é um sofisma lamentável. Não há nem o que se comentar aqui, pois seu maior apoiador, o Grupo Privé – aliás, berço de seu vice-prefeito, correto? – foi magnanimamente beneficiado pela administração anterior, este sim, um dos grandes pecados cometidos. Pela nobreza e magnitude, o Privé proporciona atrações excepcionais ao turista. Ou não? Tem se tornado praxe nessa administração promover a negatória das afirmativas, um dilema filosófico que acredito vocês resolvam até o fim do mandato.

Bom, como tempo e espaço são caros, deixo aqui minhas observações quanto à desnecessidade de se discutir afoitamente o melhor direcionamento para a área. Muito menos tomar ações precipitadas, a menos que se prestem a algum objetivo não muito republicano. Quero confiar no seu tino administrativo prefeito. Quero muito, pelo bem de Caldas Novas. Mas até o momento, ainda persiste este vácuo em seu governo.

Quem sou eu

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Brasília, DF, Brazil
Bem, sou um cara simples, buscando coisas simples, mas com muita peculiaridade... Como Jornalista levo a sério meu trabalho e, sem falsa modéstia, o faço muito bem feito. Não tomem isso como arrogância ou prepotência. É que respeito minha profissão, muitas vezes mais que o próprio ser humano. Gosto de ser Jornalista, amo a profissão e a ela me dediquei a vida toda e me dedicarei enquanto me fôr possível exercê-la ou ela exercer seu fascínio sobre mim. Para mim, ser Jornalista, é uma honra! Mas não se engane... faço o que tem que ser feito, e não o que a maioria gostaria que eu fizesse!