Ou
O que me liga a você
Ou
Nossa História
Ou
Sardinha com chiclete
O ano foi 2004. Eu acabara de encerrar as atividades da
minha agência e a produção do Araguari em Revista – o primeiro programa de
Araguari na TV – e fazia planos de me estabelecer em Fortaleza, a bela capital
cearense, a convite de amigos. Foi quando soube que um novo jornal (Jornal
Cidadão) havia sido fundado em Caldas Novas e resolvi fazer uma visita, após
indicado por uma jornalista e grande amiga.
Mesmo morando em Araguari, quase co-irmã de Caldas,
raríssimas foram as vezes que eu havia ido à cidade das águas termais. Na
verdade, eu não nutria muitas simpatias pela cidade, devo confessar.
Fazia um calor infernal naquele 19 de março e eu então, passeando pelas ruas
da cidade, senti uma confusão de sentimentos que não poderia explicar. Não
naquele instante. Acertei as tarefas e remuneração no Jornal Cidadão e, começava
ali, a minha história de amor e lealdade a Caldas Novas.
Não foi uma adaptação fácil. Mas também não foi sofrida. Foi
educativa, elucidativa e aos poucos, Caldas Novas ia me conectando a mim mesmo
e à sua alma, à minha alma, à minha essência: pela primeira vez, minha
ascendência goiana deu mãos ao meu coração mineiro e meu ninho começou a ser
construído.
As amizades chegaram e os laços reforçados. As sensações
tornaram-se mais fortes e as alegrias mais intensas. Assim como as paixões, os
amores... E Luciano Beregeno se fez Caldas Novas no âmago, indivisível dela,
inseparável.
Escrevendo minha história também escrevi na História dela.
Crescendo, a vi agigantar-se, indomável, maior que tudo aquilo que tenta
torná-la pequena diante do mundo. Caldas Novas permite que muitos dos seus
sejam pequenos e até traiçoeiros. Mas não se permite sucumbir à pequenez deles.
Veio o câncer e fui obrigado a me afastar dela, da minha
Caldas Novas.
Agora, quase completamente restabelecido me preparo para
reencontrá-la, sorrir para esta Caldas Novas que me mostrou o porquê de me
sentir tão preso a ela, como todos que viemos de fora nos sentimos: ela nos deu
o direito de recomeçar, de renovar esperanças, de recriar nosso presente. É por
isso que ela está em nosso sangue até muito mais que no daqueles que nela
nasceram. Caldas Novas me acolheu, me amou e me aconchegou em seu regaço. A ela
me entrego e sua gente rendo minhas homenagens.
É por ela que meus sinos dobram!
* Artigo a pedido da mega mana Dri Martins, pra Revista Viaje, de Caldas Novas, em dezembro de 2011