quarta-feira, 11 de junho de 2008

Por quem meus sinos dobram

Eis aí uma excelente pergunta para os candidatos se fazerem a partir de agora, já que estão legalmente autorizados a partirem para o confronto nas convenções partidárias que escolherão os nomes da disputa de outubro deste ano. A resposta, sincera e verdadeira, acredito que calará fundo no peito de pelo menos um, assim espero. Mas de quem?

Esta outra resposta já é mais complicada, bem mais complicada...

Responder a este questionamento dependerá muito do perfil de quem estivermos falando e aí cabe uma consideração: aquele que maior preocupação demonstrar, verdadeiramente, pode e deve ser o nosso candidato, enquanto eleitores. Só que tão simples resposta, nos remete a outra questão: como saber quem está sendo verdadeiro, com tantos discursos calcados na emoção (falsa emoção) religiosa e nos valores da família (???) ? Aí meu amigo, o que vale é o critério que cada um de nós elege para discernir o bom do ruim, o bem do mal, o certo do errado e o positivo do negativo.

Um vão pelo conjunto da obra. Mas que obra? O que já foi feito? Eu diria que “conjunto da obra” entende-se tudo o que pode ser atribuído ao candidato, de bom e ruim. No cálculo simplista da subtração, o resultado do maior efeito positivo para a comunidade é que teria maior peso. Complicado?

Sim, bastante.

Eleição é coisa séria e isto, já ouvimos uma centena de vezes em campanhas contra a corrupção eleitoral de candidatos e eleitores. Mas nunca é demais reafirmar, enfatizar, balançar os braços, espumar a boca e pular que nem doido quando o assunto é “eleição vs corrupção”. É dever, obrigação, fardo, responsa braba de cada um lutar para que a lambança de uns poucos não afete a vida da maioria. A isso, toda atenção é pouca.

E todos somos testemunhas de que quanto mais lutamos contra a corrupção eleitoral, mais percebemos que temos que lutar ainda mais. E aí descobrimos que temos que lutar também não só contra as corrupções eleitorais, mas também contra as grandes corrupções e principalmente, contra as pequenas. Sim, as pequenas corrupções a que nos permitimos no dia-a-dia, traduzidas no famoso “jeitinho mais fácil”, como é quando um político – seja ele de qual casta for – tira da cadeia aquele vagaba que a PM, sobrecarregada de tarefas e mal remunerada, prendeu por roubo, furto ou tráfico de entorpecentes. Ou seja, um soldado, arriscando a própria vida em troca de um mísero soldo, prende o marginal e nem bem terminou de lavrar a ocorrência, já estão lá a mãe – pobre mãe desesperada e cujos sentimentos são nobres, entendo bem – acompanhada pelo desqualificado político que pouco se preocupa com a integridade do conjunto e tão somente, com o voto que pensa ter conseguido na próxima eleição.

Outro exemplo, mas que ao seu modo, representa o descaso com o dinheiro público: enquanto centenas de pessoas padecem pela falta de medicamentos, gestores públicos muito mal intencionados superfaturam compras de medicamentos, compram mais que o necessário para garantir maior propina e, remédios que poderiam salvar vidas, acabam jogados nos lixões ou escondidos, em algum galpão escuro longe das vistas da lei. Isso acontece com mais freqüência do que se sabe e basta uma pesquisa leve nas notícias do dia para a dolorida constatação.

É triste uma realidade tão crua assim, mas é fato. A corrupção custa caro à sociedade. Um estudo do professor Marcos Fernandes, coordenador da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor de A Economia Política da Corrupção no Brasil, mostra que a corrupção consome algo entre R$ 9,68 bilhões por ano do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, isto é, quase a metade dos R$ 20 bilhões que representam o total de investimentos previstos no orçamento federal de 2006, ano-base do estudo. Ele continua: “Com o valor subtraído anualmente dos cofres públicos municipais, estaduais e federais, seria possível construir 538 mil casas populares, que poderiam propiciar moradia de boa qualidade a 2,1 milhões de brasileiros”.

Os números assustam, mas são parte de uma rotina que a cada dia torna a realidade mais nua e nos tira a capacidade de nos indignarmos com o que acontece. É preciso reagir e se voltar contra o menor sinal de achincalhe do sagrado direito de escolhermos, bem escolhidos, os nossos representantes.

Não podemos nos perder em pequenas vendas de pedaços de nossas consciências em troca das migalhas e da desobrigação. Não podemos nos perder pelos falsos discursos e pelos falsos encantos de belas palavras – ainda que mal colocadas – a dizer aquilo que muitos queremos ouvir e acreditar.

Ou mudamos nós, os eleitores, ou abrimos mão definitivamente das liberdades com as quais muitos sonharam, nos anos de ferro da ditadura militar. Nossos sinos devem se dobrar por nosso futuro!

É, por hoje é isso aí... vejo vocês depois!

;-)

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