...luzes de um tempo
Amanhecer na EPTG. Foto: Ed Alves/CB |
Luciano Beregeno
Se João do Santo Cristo tivesse chegado a Taguatinga e ido ao Plano Piloto pela EPTG, à noite, ele teria ficado bestificado não com as luzes de Natal, mas com a imponência fascinante dos faróis sob a guarda das lâmpadas que margeiam a bela menina a qualquer época do ano. É um fascínio único. E tenso. Monumental, como quase tudo em Brasília!
A EPTG é assim. Imponente, convidativa, desafiadora. Uma menina construída estrada que tem alma de hight way. Ela brinca com você de dia e tenta seduzir à noite. Ela sabe que é veia e artéria para seus milhares de pneus.
Ela sabe que além da borracha é o sangue que circula por ela, levando o movimento a gigantes como Taguá, o Plano, Águas Claras, o SIA e o Guará. Por isso é vaidosa. Quer ser fotografada, espiada a cada tanto pra que ninguém passe desabalado e não repare sua presença.
Manhosa, faz questão de ostentar fachadas iluminadas, janelas opacas – mas iluminadas – mato verde cheio de pontinhos brilhantes e sua gente. Gente que mora bem ali do lado, tão pertinho que dá pra sentir a chão tremendo quando passam os carros. Gente que caminha nela e sobre ela. Gente que atravessa por cima e nem sempre tem tempo pra observar, dar aquela admiradinha e se deslumbrar com uma EPTG que pulsa, vibra. Revela-se movimento que traduz vida.
Pela manhã, a imensa serpente de concreto e asfalto entrega a Brasília seus trabalhadores e seus possantes – carros ou sapatos são todos construtores do que foi sonho e hoje é realidade. A noite avança e o psicodélico frenesi dos faróis grita alto que é hora. Hora de chegar em casa e organizar a rotina. Hora de parar, desacelerar com a certeza de ter feito mais que ontem. Ou nem tanto.
Mas ela continua lá, acesa, pulsante, mostrando pra nossa estória candanga que ainda é cedo ou tarde demais pra parar. É a EPTG quem nos diz: Brasília, suas luzes, suas vias e sua História, têm que continuar.
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