terça-feira, 29 de abril de 2008

Em ano eleitoral, até dentadura vira dicionário!

Uma humilde análise dos erros de comunicação dos políticos locais e afins...

O rompimento entre Magal e Ney Viturino não foi nenhuma novidade, para pelo menos metade do eleitorado caldas-novense. A outra metade já não acreditava que havia alguma relação de cumplicidade eleitoral entre eles. Tava na cara!

Seria cinismo esboçar qualquer reação de surpresa ante o noticiado pela imprensa – com furo do Blog Raiz Forte é claro, que publicou a notícia aos 47 minutos de hoje.

Desde a campanha para a eleição de fevereiro deste ano pairava no ar a incerteza da união, até porque Magal já era potencial e declarado (nos bastidores é claro) candidato nas eleições de outubro próximo. Fato amplamente divulgado pelos seus tenentes e capitães de campo, a quem quisesse ouvir, gostando ou não.

O acordo que existiu entre eles, tecido no calor de impedir uma possível vitória de candidatos de grupos opositores – leia-se Magda Mofatto e José Araújo – já nasceu com o germe da própria extinção: o conflito de interesses! Existiria alguma fórmula secreta para acomodar dois grupos tão aguerridos em busca do mesmo objetivo? Respondo: Não.

Eis aqui a primeira lição em política: as necessidades de um não se sobrepõem à necessidade da maioria. E aqui, quando se fala em maioria, fala-se em grupos e asseclas. Tanto Magal quanto Viturino têm grupos organizados e mobilizados. Magal pela experiência adquirida ao longo da carreira como vereador, prefeito e deputado estadual, que lhe deu uma extrema habilidade de articular politicamente. Viturino por representar não a renovação política, mas o redirecionamento de práticas administrativas voltadas mais para o povo, com menos caráter assistencialista e mais calcado na política de resultados. Some-se a isso a fama de mão-fechada ( a facilidade de dizer não a gastos supérfluos ficou patente já no primeiro dia de governo) e o perfil está formado.

Agora, o grande barato é esperar a poeira baixar e as mágoas serenarem para sabermos qual será a potencialidade dos ataques e a capacidade de reversão de todos os envolvidos no lodaçal eleitoral. E é aqui, exatamente aqui, que entra o fator comunicação no período pré-eleitoral.

De todos os candidatos, o que melhor estruturar sua estratégia de comunicação sairá na frente. E a razão é até simples. O eleitorado mantém no inconsciente coletivo por cerca de 90 dias após uma eleição majoritária, a aprovação conseguida pelo eleito. É uma aprovação por inércia, adesivada à imagem do eleito, fruto da exposição midiática e da ansiedade de um eleitor em ter suas necessidades (individuais e coletivas) satisfeitas. Decorridos os 90 dias, volta a reinar o senso comum e, aqui, peca ruidosamente aquele que acredita que o eleitor saiba tudo o que se passa no palco político de sua cidade. Como exemplo eu cito no mínimo três famílias com as quais tive contato recentemente, que “acham” que Magda Mofatto ainda seja a prefeita de Caldas Novas. São famílias à beira da miserabilidade mas que, no dia da eleição, sempre votam, não por dever cívico, mas por que disseram pra eles que “se não votar, a polícia prende”. Ou seja, o canal entre o emissor e o receptor da notícia está cheio de ruídos e o eleitor no limite da pobreza – renda mensal abaixo de R$ 80,00 per capita [29,3% da população brasileira que corresponde a cerca de 50 milhões de pessoas] - via de regra, é o receptor dessa notícia (eleitores das classes A, B e C já recebem a notícia através de canais com menos ruídos).

Então, retomando a questão da estrutura do “saber comunicar a imagem”, quem souber agora, nesse momento, posicionar melhor a imagem, será na frente. Viturino tem a vantagem de estar na margem de segurança dos 90 dias. Magal a vantagem de ter mandato e trafegar bem nas camadas mais populares e os outros potenciais candidatos, cada um com seu “ás” na manga. Mas o defeito em comum de todos eles: nenhum sabe valorizar o poder da comunicação e não consegue convencer o eleitor, por conta de mensagens truncadas e discursos sem qualquer nexo. Pior, a linguagem utilizada é, além de sofrível, fora do contexto dos públicos-alvos.

Mas em ano eleitoral, até dentadura vira dicionário!

Que vem chumbo grosso por aí não há dúvida. Mas que dessa vez o eleitor terá mais motivos pra rir do que chorar, também não podemos duvidar. Deixemos os atores protagonizarem seus papéis e vejamos como se sairão os antagonistas da fábula, isso, se você, caro leitor, souber dizer quais atores serão protagonistas e quais serão os antagonistas...

Grande abraço e até breve!

Beregeno

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