sexta-feira, 30 de maio de 2008

Jus Sperneandi, ou, o direito de espernear...

Luciano Beregeno

Um silencioso, mas poderoso movimento nas sombras das noites, madrugadas e até das manhãs ensolaradas de Caldas Novas começa a se delinear com mais propriedade nestes últimos dias.

O excessivo movimento de pré-virtuais-quase-candidatos em busca de um caminho – que geralmente não culmina em boas composições – deixou os observadores da cena política com uma coceirinha na orelha. Ou melhor, atrás da orelha.

O que teria atiçado a sanha de tantos expoentes a buscarem um mesmo discurso, uma mesma postura política e até passarem a se elogiar publicamente, sendo que há bem pouco tempo se excomungavam como que num exercício diário?

Qual a razão dessa “convergência”, já que nos bastidores, coalhados de assessores e números advindos de pesquisas hora originadas no gabinete do deputado X, hora no do senador Y ou então por alguém que não quer aparecer?

Seja qual for o motivo do movimento convergente ou as razões que impulsionam os grupos às articulações estranhas, a questão maior é que a falta de transparência justamente nas tais intenções é que agride o eleitor mais atento. Vejamos o mais notório caso: o rompimento entre Viturino e Magal. O trauma inicial da separação se transformou em celeuma que aos poucos se converteu em cólicas e espasmos e agora, pasmem, pode voltar ao status anterior, com os grupos tentando uma conversação.

Uai, se era pra romper e rompeu gritando, esbravejando e bravateando que o prefeito era isso, que tinha traído aquilo, ou que o deputado era assim ou era assado, o que leva então esses grupos à reaproximação?

E não é só...aí vem o grupo liderado pela ex-prefeita Magda Mofatto, trazendo a reboque um sem número de ninguém sabe o quê. Esse mesmo grupo, após aproximar-se de outros já não tão expressivos e demonstrar apoio ao antigo desafeto Magal – basta lembrar as palavras de Flávio Canedo em entrevista ao Tribuna Livre da Rádio Pousada: “O Magal é o NOSSO deputado na Assembléia...” – também busca recomposição com o grupo do prefeito através de emissários e mensagens nada cifradas.

Bom, a leitura possível e exclusiva que se pode fazer até aqui é: ou Viturino está muito bem na fita e nas pesquisas escondidas ou a maioria dos até agora candidatos já sabem que correm o sério risco de não terem as candidaturas aceitas pela Justiça Eleitoral. Estas duas vertentes por si só explicariam muito bem os movimentos, as composições e até mesmo a ausência delas. É uma espécie de paixão às avessas, pois se de um lado alguns partidos interpretam que Viturino tem alguma vantagem eleitoral que nós, reles mortais desconheçamos, do outro oferecem a ele a possibilidade do suicídio romântico do tipo veneno em garrafa de coca-cola (pós-moderno, isso!).

Ao mesmo tempo que querem a aproximação, trabalham para minar a consolidação da imagem do prefeito e, são nesses momentos, pontuados por pronunciamentos furiosos da Tribuna da Câmara, CPIs, entrevistas bombísticas (o erro é intencional) e frenesis de tietismo eleitoral personificado no culto à imagem do grande líder que nunca existiu (se me achavam arrogante a ponto de me classificarem de “metido a filósofo que escreve o que ninguém entende”, agora sim vão à loucura), que trazem à baila a fraqueza maior de todos esses grupos e, aqui, sem exceções novamente: nenhum tem uma proposta coerente para a cidade, para o eleitor!

Toda a movimentação busca, única e exclusivamente, a execrável e abjeta satisfação das necessidades do grupo e não da coletividade.

Pois bem senhores já candidatos, senhores pré-candidatos, senhores e senhoras quase-candidatos e senhores e senhores que nunca chegarão a candidatar-se, na busca da confiança do eleitor, será preciso um pouco mais de transparência e clareza nas intenções. Será preciso respeitar anseios básicos e necessidades prementes de populações carentes e desejosas de dignidade, de viver um pouco melhor.

Eis aqui uma premissa interessante para ser adotada, ao invés das tão conhecidas e batidas campanhas difamatórias e acusatórias, afinal de contas, todos que aí estão têm sua parcela de culpa no caos político em que meteram a cidade. Realmente, uma lambança digna dos anais da história.

Então é melhor deixar de lado o jus sperneandi e partir pra ação concreta, decisiva, que poderá melhorar suas imagens na história futura da cidade!

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Brasília, DF, Brazil
Bem, sou um cara simples, buscando coisas simples, mas com muita peculiaridade... Como Jornalista levo a sério meu trabalho e, sem falsa modéstia, o faço muito bem feito. Não tomem isso como arrogância ou prepotência. É que respeito minha profissão, muitas vezes mais que o próprio ser humano. Gosto de ser Jornalista, amo a profissão e a ela me dediquei a vida toda e me dedicarei enquanto me fôr possível exercê-la ou ela exercer seu fascínio sobre mim. Para mim, ser Jornalista, é uma honra! Mas não se engane... faço o que tem que ser feito, e não o que a maioria gostaria que eu fizesse!